terça-feira, 30 de dezembro de 2008

sábado, 20 de dezembro de 2008

Berlin.

Já ouvimos dizer que Berlim era a cidade da vida deles.
Já nos explicaram com sotaque servo-croata que Berlim era um muro, duas datas (13/08/61 - 09/11/89), um símbolo - nada que não soubéssemos desde sempre, desde que somos gente.
Já lá estivémos não uma, não duas, não três, mas todas as vezes em que pegámos num livro (e nem estamos a falar daquele que devorámos em dois dias de noites em claro num verão antes daquele Verão e que mora obstinadamente naquela prateleira) que tivesse Berlim dentro.
Já conhecemos der Himmel über Berlin , porque Wim Wenders quis e nós quisémos o Wim Wenders com uma força brutal. "Blow us up, please!"
Já escrevemos que a porta de Bradenburgo se fechou sem perceber do que falávamos - e isso caiu-nos em cima. "Caiu-nos", no plural, porque não estamos nisto sozinhos.
Já percorremos as veias abertas de Berlim do outro lado, do lado errado e nem aí percebemos. "You can't ever really get out of Berlin" (e quem somos nós para duvidar?)

Já temos o mapa.

(não teremos o precioso PS "I love" das aventuras do costume, com os do costume, os das férias não férias, "vamos todos ou não vai nenhum", mas haverá sempre aqueles GPS's problemáticos:

"Avisa-me quando for para virar...
É aqui, é aqui!"

ou

"vira à direita, à direita! A outra direita")

Já temos a mala.

(uma de nós tem, fizémos questão de nos assegurar disso, entre uma garrafa de vinho que pedimos emprestada à garrafeira e nos esquecemos de devolver e um bolo comprado a cinco minutos das 21h)

Já temos o plano.

Não temos data, não temos bilhetes, não temos hotel.

Por isso, enquanto não pudermos afirmar veementemente que Berlim é a cidade das nossas vidas, haverá sempre Paris - Roland Garros, Montmartre, Champs Elysées, Notre Dame, Louvre, Versailles, tudo o que fez de Paris Paris e o que fez de Paris a cidade das nossas vidas.

(até as viagens de comboio Paris Saint Lazare - Mantes-La -Jolie par les Mureaux, a chuva e as caras de chuva, "é aqui que me vou casar" no único dia de primavera, as 1000 fotografias em 4 dias, a descoberta do teclado francês, a família maluca, os jantares da tia São, a Avenue Montagne das nossas futilidades, a Mona Lisa, a caixa de música que viria dois meses mais tarde assim como o filme que procurámos incessantemente durante anos e fomos descobrir em plenos Champs Elysées.
E principalmente aquele francês que nos deu a alegria das nossas vidas. Cinco segundos na luta contra os degraus - e por uma vez, tivémos asas. E por vinte minutos tornámo-nos gente - sim, agora sim, temos a certeza que somos gente.

E foi isto que Paris fez por nós).

Não sabemos o que Berlim fará por nós...
mas Berlim ainda está longe.

Antes ainda há Madrid.

(solve the mistery!
Clues: camarero Pepe, tortilla, "seis meses de invierno, seis meses de infierno", fuencarral, gran via, "Cinco Días es aquí?", Opera, Principe Pio, "cabanita", montaditos, churros, calefacción. Vale!)

Continuamos sem saber o que Madrid fará por nós, mas começamos a desconfiar.