quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Cap, pas cap?

abriu-o entre risadas, numa brincadeira de amigos, e ele ali estava. ninguém reparou no silêncio, na sombra momentânea quando o olhar pousou naquele cartão verde. fechou-o rapidamente, o mesmo sorriso arco-íris no rosto. a pergunta, a mesma que repetiu dias a fio, a mesma que ele preferiu ignorar, não fugiu. continuava ali, fechada, esquecida, persistente. a última vez que a viu arrumou-a bruscamente na estante, incapaz de guardá-la na caixa prateada das recordações, incapaz de rasgá-la, incapaz de interpretar os sinais.

a última vez que o viu foi hoje. e foi como se tivesse pousado o olhar naquele cartão verde. mas hoje não houve sorriso arco-íris, não houve sombra passageira. porque ele não é um cartão verde que se possa esquecer numa estante, nem uma pergunta que possa ficar sem resposta.

Quarta-feira, 6 de Janeiro de 2010

3:59 a.m.